quinta-feira, 5 de maio de 2011

Moção da Congregação do IA

MOÇÃO PELA RETIRADA DOS PROCESSOS À COMUNIDADE ACADÊMICA

A Congregação do Instituto de Artes, em sua 186ª reunião ordinária, no dia 05 de maio de 2011, manifesta-se contrária à abertura de processos criminal, civil e administrativo a nove funcionários, e de processso disciplinar a cinco estudantes.

Os processos em virtude da participação de funcionários e estudantes em movimentos por suas reivindicações ferem os princípios do diálogo entre a Comunidade Acadêmica e da Autonomia Universitária.  Estes pirncípios são o alicerce que edifica a UNICAMP, e garantia de uma Universidade democrática e livre.

Esta Congregação entende que os assuntos de interesse da Comunidade Acadêmica devem ser tratados no âmbito interno à UNICAMP, sem o uso de instrumentos alheios à Universidade.

Assim, solicitamos ao Magnífico Reitor Professor Doutor Fernando Ferreira Costa, a retirada dos processos à Comunidade Acadêmica.

Atenciosamente,
Congregação do IA

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Os Cabeças Raspadas

por Daniel Aarão Reis | publicada em: 29/3/2011
O Globo, de Rio de Janeiro (RJ)

A recente viagem ao Brasil do presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, continua a suscitar indagações.

O mundo já está acostumado aos shows midiáticos e aos espetáculos de pirotecnia que cercam os deslocamentos do chefe da maior potência mundial, mas eles de modo geral estão associados a objetivos definidos ou presumíveis.

Não foi o caso da última viagem.

O que veio Obama fazer no Brasil?

Bater um papo com Dilma Rousseff? Tomar drinks com ex-presidentes? Visitar o Corcovado à noite? Fazer um comício no Teatro Municipal? Espiar um grupo de capoeira na Cidade de Deus?

Fiquemos com as cenas mais bonitas: o panorama da cidade e o jogo da capoeira. Eu seria o último a subestimar a linda vista que se pode descortinar do Cristo ou a não valorizar o ritmo e a beleza da luta que se realiza ao som do berimbau, mas seriam razões suficientes para mobilizar oitocentos homens, um porta-aviões, cinco helicópteros, duas limusines blindadas e mais a parafernália de soldados e guardas brasileiros, sem falar no precioso tempo de sumidades políticas e jornalísticas do Brasil e do mundo?

Não há um ridículo atroz neste jogo de cena?

O fato é que a viagem provocou, como seria de esperar, a ira de grupos e partidos revolucionários. Um deles, o Partido Socialista dos Trabalhadores Unificado/PSTU, resolveu protestar. Um ato de rotina numa república democrática. Quem gosta aplaude. Quem não gosta protesta.

Pois foram às ruas algumas dezenas de militantes, com suas bandeiras e gritos de revolta, e mais outras pessoas que se juntaram, por concordarem ou acharem graça na manifestação.

Desfilaram pelo centro da cidade, vigiados de perto pela polícia, com o bom humor das minorias críticas que se sabem reduzidas mas que extraem disso ânimo para continuar protestando, à espera de melhores momentos. A passeata, como seria óbvio, terminou no consulado estadunidense, é ali que desembocam há décadas todos os atos públicos realizados no Rio de Janeiro contra as políticas e as lideranças do Grande Irmão do Norte.

Tudo nos conformes, na paz da rotina democrática. Os manifestantes manifestavam, a polícia policiava.

Foi aí que alguém lançou um coquetel molotov contra o prédio do consulado. A garrafa cheia de gasolina explodiu, ferindo um funcionário.

O episódio suscitou os "instintos primitivos" da polícia. Encerrou-se, então, a rotina democrática e começou a barbárie.

Em vez de dispersar a pequena multidão, os meganhas saíram baixando o cacete e prendendo gente.

Prenderam treze. Dez militantes do PSTU e mais três pessoas que se haviam incorporado ao protesto, entre as quais um menor de idade e a respeitável e popular figura da "vovó tricolor", envergando a camisa de seu bem-amado clube, mas disso não quiseram saber os policiais. Caiu na rede, na rede ficou, e assim vestida foi levada presa.

E anotaram: presos em flagrante delito.

Falso.

Uma falsidade evidente, eis que um molotov só pode ser lançado pela mão de apenas uma pessoa. Na história das manifestações em todo o mundo, jamais, por impossibilidade física, treze braços foram capazes de arremessar um único molotov. Além disso, nos autos das prisões, ninguém foi acusado nominalmente de nada. Interrogados, todos negaram veementemente ter praticado o delito, atribuindo-o à irresponsabilidade ou à provocação de alguém não identificado.

Nestas horas a polícia não costuma conversar ou discutir. Empurra, bate, prende e leva. Prendeu os treze. Levou os treze. Foram todos para a delegacia, na expectativa de esclarecerem suas razões e serem imediatamente libertados.

Não foi o que aconteceu.

O representante do Ministério Público e o juiz de plantão, solicitados pelo advogado dos presos, e exercitando o saber jurídico, houveram por bem manter a prisão. Alegaram que os manifestantes eram um "perigo" para a excursão que o presidente dos EUA fazia no Brasil, inclusive o menor de idade e a "vovó tricolor". Além disso, argumentaram que "maculavam" a imagem do país no mundo. Um país que vai organizar a Copa do Mundo e as Olimpíadas não pode tolerar certas liberdades. Mesmo que sejam republicanas e democráticas.

À violência da prisão arbitrária somou-se à violência da Justiça.

E veio então uma terceira violência. Ignorando o caráter politico do protesto - e da prisão -, despacharam os detidos para presídios comuns, onde permaneceram por setenta horas, quase três dias. As mulheres - três -, para Bangu 8; os homens - nove -, para o presídio Ary Franco; e o menor para o Centro de Triagem, na Ilha do Governador. E se permitiram - quarta violência - raspar as cabeças dos homens, numa tentativa - vã - de ofendê-los e de humilhá-los.

Violências inomináveis. À sombra da lei, mas ilegais. E covardes.

Que saibam o juiz, o representante do Ministério Público, os policiais e os carcereiros que, se máculas houve - e houve máculas - elas foram causadas por esta sequência de violências, pelas quais suas excelências são responsáveis.

Foram cometidas, estão feitas, não há como repará-las.

Resta-me, além do registro indignado do triste episódio, à maneira de uma singela homenagem, declinar os nomes dos que foram presos: Gilberto Silva, Rafael Rossi, Pâmela Rossi, Thiago Loureiro, Yuri Proença, Gualberto Tinoco, Gabriela Costa, Gabriel Paulo, José Braunschweiger, Andriev Santos, João Pedro, Wagner Vasconcelos, Maria Pereira da Silva.

Rasparam a cabeça de muitos. Mas vocês conservaram o mais importante: a cabeça e o caráter. Cabe esperar agora que não sejam raspados da memória da cidade e do país.

******

«Pelo arquivamento do processo criminal contra os 13 do Consulado.»

http://www.peticaopublica.com.br/?pi=P2011N8248



terça-feira, 29 de março de 2011

Moção de Repúdio à reitoria da Unicamp - pela Câmara Municipal de Campinas

Os vereadores Sérgio Benassi (PCdoB) e Ângelo Barreto (PT) apresentaram moção de repúdio contra criminalização da greve de servidores da Unicamp.

Confira a íntegra da moção:

Moção de Repúdio

EMENTA: Protesta contra ato da Reitoria da Unicamp que pretende processar trabalhadores que fizeram parte do Comando de Greve durante campanha salarial 2010

Nove trabalhadores da Unicamp que participaram do processo de greve durante a mobilização da Campanha Salarial 2010 foram surpreendidos com a abertura de inquérito policial formalizados após boletim de ocorrência feito pela Procuradoria da Unicamp no período da greve.
Durante a greve e no final dela houve uma Comissão de Negociação que tratou das questões relacionadas aos descontos da greve e punições.
A reitoria negociou os dias parados e na mesa de discussões com a Comissão em nenhum momento apontou qualquer situação referente a atos da greve que justificassem punição. Também não houve nenhum procedimento administrativo que apontasse ações e atos ilegais de qualquer trabalhador da Unicamp que tenha participado da greve.
Para surpresa de todos, os trabalhadores procuraram o Sindicato dos Trabalhadores da Unicamp – STU informando terem sidos acionados judicialmente através de ação cível por danos materiais contra a universidade.
Ante ao exposto, a Câmara Municipal de Campinas REPUDIA a ação da reitoria da Unicamp em tratar a mobilização dos trabalhadores como caso de polícia intimando futuras mobilizações e criminalizando os movimentos sociais, e requeremos na forma regimental, seja enviada cópia da presente Moção de REPUDIO a Reitoria da Unicamp e ao Sindicato dos Trabalhadores da Unicamp – STU.


****Extraído do site do STU****

Reunião do Comitê - Mudança de Local - DCE

Atenção: A próxima reunião do comitê irá acontecer na quarta-feira (30/03), 12h, no DCE.

Boletim 01 - Chamado para Ato no Consu

O boletim distribuído hoje, convocando o ato no Consu, pode ser baixado clicando aqui.

segunda-feira, 28 de março de 2011

Lista dos trabalhadores processados

Lista dos trabalhadores processados pela reitoria:

  • Antônio Alves Neto (Toninho) – CIS-Guanabara
  • Geraldo Witeze Junior – ex-DGA
  • Guilherme Righetto Lopes – DGA/Transportes
  • Mário Martins de Lima (Mário Bigode) – AEL/IFCH
  • Paulo Eduardo de Lima Gouvea – CLE
  • Renata Lopes Prates – FEA
  • Rosana Aranha Dutra Rosa – CECI
  • Tatiane Moraes Faria – CECI
  • Valdir Paixão Rodrigues Júnior – CCUEC

Moção de Repúdio do Fórum das Seis

MOÇÃO À REITORIA DA UNICAMP

O Fórum das Seis – que engloba as entidades representativas dos docentes, estudantes e funcionários técnico-administrativos das três universidades estaduais paulistas e do Centro Paula Souza –  reunido no dia 25 de março de 2011, manifesta seu repúdio à invasão policial na moradia estudantil da Unicamp, ocorrida neste mesmo dia. Repudia, também, a falta de diálogo com os estudantes por parte da reitoria, no sentido de chegar a um acordo sobre as políticas de permanência estudantil.
Considera a permanência estudantil uma reivindicação legítima dos estudantes e fundamental para a manutenção do caráter público da universidade. Sendo assim, manifesta apoio às mobilizações estudantis pela garantia deste direito.
 
São Paulo, 25 de março de 2011

sexta-feira, 25 de março de 2011

Tropa de Choque na Moradia Estudantil

Seguindo com sua política de intimidar e criminalizar os movimentos sociais, o reitor da Unicamp, prof. Fernando Costa, chamou a tropa de choque para realizar a desocupação da administração da moradia estudantil.

Em nenhum momento a reitoria aceitou negociar as reivindicações dos estudantes. Ao contrário, usou da força da polícia para combater um movimento legítimo: a luta pela permanência estudantil, pela garantia de que os estudantes de baixa renda possam estudar na universidade.

Está cada vez mais claro: a única língua que o reitor da Unicamp sabe usar é a violência e a repressão.

Diante de mais essa invasão da tropa de choque na moradia, torna-se ainda  mais importante construir o ato contra as punições e a repressão, na terça-feira (29/03), 9h, no Consu. Todos ao ATO!

quinta-feira, 24 de março de 2011

Em defesa da assistência estudantil: Pula-Catraca no Bandejão!

Hoje os estudantes realizaram um "pula-catraca" no restaurante universitário em defesa da permanência estudantil. Abaixo segue o texto do material distribuído durante o ato.


Em defesa da Assistência Estudantil
A assistência estudantil (também chamada de política de permanência estudantil, ou gratuidade ativa) é parte fundamental do direito à educação. O estudante de baixa renda que ingressa em uma universidade precisa ser assistido por uma série de programas da universidade, como garantia de moradia, auxílio transporte, acesso à alimentação, bolsa de estudos, dentre vários outros, para que tenha garantido seu direito de permanecer estudando. Sem esses programas, a afirmação de que a educação é pública e gratuita é uma falácia, sendo que só conseguem se manter na universidade aqueles cuja condição econômica é mais favorecida.

Em 1988 após muita luta dos estudantes, que ocuparam o CB reivindicando a construção da Moradia Estudantil (mobilização histórica conhecida como Movimento TABA), a Moradia da Unicamp foi finalmente conquistada. Porém, o projeto inicial de construir 1500 vagas nunca foi cumprido pela reitoria.

Neste ano só a quantidade de calouros com renda familiar que os torna aptos a pleitear moradia já é maior que o total de vagas disponíveis (ver dados no verso). Se levarmos em conta os estudantes dos outros anos então, nem se fala. Além disso, a Unicamp tem dois campi em Limeira (FT e FCA) e um em Piracicaba (FOP), e nenhuma moradia nessas cidades.

Por isso ocupamos a administração da moradia, desde o dia 03 de março, pelo direito a assistência estudantil e por democracia na moradia e na universidade. No entanto, a presença da polícia nas manifestações e a ameaça de despejo foram quase uma constante.
Pulamos a Catraca por moradia e mais bandecos

O bandejão também é parte da assistência estudantil, afinal as pessoas precisam se alimentar para continuar estudando. No entanto, o prazo prometido pela reitoria para a construção do novo bandejão de Campinas (perto da Faculdade de Engenharia Civíl, Arquitetura e Urbanismo) e da FCA Limeira venceu no começo desse ano e, se alguém encontrá-los funcionando, nos avise por que tá meio difícil comer com essa fila que só cresce.

Agora imagine como fica difícil a situação de um estudante que faz muitos créditos em seu curso, passa 15 horas na bolsa trabalho, e ainda tem que enfrentar a fila que parece que vai dar a volta ao mundo. Ele vai ficar sem comer, o que, como diria a frase da célebre desconhecida, “é uma puta falta de sacanagem”.

Por isso defendemos
—-3300 vagas na Moradia Estudantil. Por Moradia em Limeira e Piracicaba;
—-mais verbas para a assistência estudantil como um todo;
—-mais bandejões, incluindo o Bandejão da FCA Limeira;
—-Fora Viotto (coordenador da moradia), pelo fim do cargo de coordenador e por uma gestão democrática da Moradia;
—-Fora PM do campus e da Moradia Estudantil.


quarta-feira, 23 de março de 2011

Ato político contra as punições, dia 29/03, 9h - no Consu

A Assembléia Geral dos Trabalhadores da Unicamp aprovou hoje a realização de um ato político contra as punições.

O ato acontecerá durante a reunião do Consu, que começa às 9h do dia 29/03 e contará com a particípação de entidades sindicais e estudantis, organizações políticas, parlamentares, etc.

Atenção: Foi aprovada a PARALISAÇÃO das atividades para participação no ato!



Entrevista com Reginaldo Bispo

Segue abaixo a entrevista que o Comitê realizou com Reginaldo Bispo, militante e trabalhador, demitido político da Unicamp.

Comitê - Estamos vivendo mais um momento de repressão dos movimentos sociais na Unicamp e a Reitoria está processando nove trabalhadores. Sabemos que você também foi vítima de repressão da Unicamp em anos anteriores. Você poderia comentar conosco quando isto ocorreu?

Reginaldo Bispo - Fui demitido duas vezes por greve: A primeira vez na intervenção do Maluf na Unicamp em 1981, junto com todos os 09 diretores da Assuc-Associação dos Servidores e com os diretores de diversas faculdades e institutos. Desta vez fomos readmitidos judicialmente após três meses de greve. Na segunda vez, foi em 1984, fui demitido sozinho, devido a greve de 2003, da area hospitalar (HC e Santa Casa). Estou demitido desde então.
A geração de lutadores de 1977 a 1984, foi a primeira e mais vitoriosa. Depois, a categoria foi traida por duas ou tres gestões burocraticas e pelegas. Que se negaram a lutar pela minha readmissão.
Foi o bastante para que  a reitoria e a chefia (sempre o mesmo grupo PPS-PSDB, eventualemente PT) retomar sua arrogancia e as punições aos trabalhadores.

Comitê - Como foi que a Unicamp o atacou?

Reginaldo Bispo - Em 1981, foi por uma greve iniciada na Santa Casa, e que recebeu a adesão de toda a categoria, envolvia desde a reivindicação por reajuste atrasado, condições dignas de trabalho, uniforme, transporte e alimentação para o pessoal da Santa Casa, e creche, fim da repressão dos chefes, condições de trabalho na manutenção e desvios de função em todas as unidades.
Na segunda, sob a cusação de insubordinação, inapetencia e outras calunias, fraudaram uma comissão de sindicancia, onde 04 dos 6 membrosdemitiram-se para não assinar.Negaram-me e sumiram com documentos de prova, cartão de ponto, e livro de entrada e saida de exames no laboratorio central do HC. Um dos membros da Comissão processante me perguntou se eu estava ali pra ser punido ou pra ser promovido. O reitor dr. Pinotte, o Serra Secretario do governo Montoro, o Paulo Renato, então assessor de ambos, e o diretor do DGR, Arly de lara Romeu, foram os responsaveis pela substituição de 04 membros da Comissão processante, para dar o quorum para decidirem a minha demissão. A diretoria da ASSUC e a oposição da época favoreceram a demissão, pois a minha saida de cena, os beneficiava com a ocupação e espaço politico. Só os companheiros da Convergencia Socialista, com quem e tinha tido grandes paus em 1982/83, junto com os membros do MNU- Movimento Negro Unificado, minha organição,  se empenharam pela readmissão.

Comitê - Então você foi demitido? E como você ficou? Qual foi a reação da sua família?

Reginaldo Bispo - Fiz bicos de fotografo, cinegrafista de video, filmei casamentos e aniversarios,  plantei e vendi hortigranjeiros organicos, criei cachorros Fila-Brasileiro e Mastin Napolitano, trabalhei em assessoria sindical e com sonorização. Nunca recebi apoio juridico ou econômio da Assuc ou do STU. Na época eu era jovem e solteiro.

Comitê - Como você se sentiu quando tudo isso aconteceu? Como foi ter de vir ao trabalho sabendo que estava sendo punido?

Reginaldo Bispo - Além de perder o trabalho inustamente por motivos politicos, sofri muito por perder a legitimidade de estar nas lutas da categoria, pois que não era mais membro. Assim mesmo resisti até 1992, quando desisti de militar na Unicamp, mesmo tendo companheiros do MNU aqui. Não recebi ferias, salario desemprego, os 40% de multa do fundo de garantia, nem o fundo de garantia.

Comitê - E agora, Reginaldo, que esta situação se repete na Unicamp, o que você poderia dizer aos nossos colegas que estão sendo processados?

Reginald Bispo - Hoje diferente da época, não temos ditadura, temos uma consttuição e temos que exigir cumprimento. A greve é legal, o sindicato tem uma boa estrutura econômica, juridica e poltica, portanto pode e deve dar total resaldo contra a punição desses companheiros. Neste momento  é fundamental mostrar força e a injustiça dessa perseguição, convocando a categoria a ser solidária, preparando-a, de modo a adquirir consciencia, se organizando e mobilizando para barrar a punição aos companheiros.

Comitê - Hoje, na Unicamp, nós temos muitos funcionários novos, que não conhecem o histórico de lutas e conquistas que já houve aqui, tão pouco têm conhecimento sobre as pessoas que já foram punidas por lutar. Você teria uma mensagem de esperança para passar a esses novos trabalhadores para que eles não se sintam amedrontados a lutar?

Reginaldo Bispo - Não há outro modo, lutamos para conquistar as nossas reivindicações e direitos, melhores salários e condições de trabalho, ou viramos escravos dessa reitoria e chefia autoritária, que ano após ano, gasta milhões com perfumarias, com seus apaniguados, negando-se valorizar os trabalhadores, equiparando os reajustes e auxilio aliementação  ao da USP.  Alegam que não tem orçamento, mas pra dividir a categoria, proporcionando reajuste maior para os professores sempre tem. Para viagens e projetos de toda ordem também. Na verdade, o autoritarismo da reitoria visa quebrar nossa moral e disposição de luta, nossa dignidade e auto-estima. Portanto, "Se correr o bicho pega, se ficar o bicho come", temos que enfrenta-lo. Somos a unica especie de animal que pensa, por isso, lutamos por melhorias para nós e nossos filhos e familias. Só há um geito de resgatar isso, a luta.

Comitê - E aos servidores que já têm mais tempo de casa, muitos dos quais, inclusive, conhecem você e talvez até tenham lutado ao seu lado, você gostaria de deixar alguma mensagem?

Reginaldo Bispo - A disposição de lutar pelos nossos direitos é que nos faz homens e mulheres dignos. A solidariedade e a defesa dos companheiros de luta é a unica razão que nos faz manter a cabeça erguida diante de nossos filhos, mulheres e maridos. Nos faz seres humanos politicos e dignos, diferentes dos outros animais.
- A luta em defesa dos processados pela Unicamp.
- Pelo direito ao trabalho e de lutar!
- Nenhuma Punição aos lutadores grevistas!

Depoimento e apoio de uma estudante

Abaixo segue o dempoimento e manifestação de apoio de uma estudante que também sofreu perseguição política e foi sindicada pela reitoria da Unicamp.

Trata-se da companheira Paula Berbert, que estudou na Unicamp entre 2005 e 2009, foi coordenadora do Cach por 2 anos e é militante da Ler-qi.

"A reitoria da Unicamp e o Cruesp têm um projeto claro para as estaduais paulistas e há 4 anos estão atuando ofensivamente na tentativa de implementá-lo: são exemplos desse projeto os decretos de Serra em 2007 - que o movimento estudantil e de trabalhadores respondeu com uma massiva mobilização, com métodos radicalizados, como ocupações de reitoria, em que os estudantes da Unicamp foram pioneiros -, a Univesp, a restrição dos espaços de sociabilidade das universidades, o avanço da terceirização, a reforma de Rodas na Usp, a recente demissão sumária de trabalhadores dessa universidade, a perseguição aos lutadores das estaduais, que tem a sua expressão mais recente no absurdo da repressão militar e a criminalização do movimento iniciado na Moradia da Unicamp.

No momento de ofensiva dos governos e reitorias é preciso unificar nossas forças e lutas, bem como extrair lições das lutas do passado.

Em 2007, a reitoria da Unicamp sindicou vários estudantes, dentre eles, eu, por conta da ocupação do prédio da DAC, que era parte da nossa luta contra os decretos tucanos. A partir da mobilização do CACH e da vanguarda de estudantes e trabalhadores da Unicamp, conseguimos reverter este processo, organizando atos, passagens em sala, abaixo-assinados, o que fez a reitoria recuar. Este é o caminho da luta contra repressão! A mobilização ativa é um importante método em defesa daqueles que lutam por uma universidade de fato pública, gratuita, sem a presença do capital privado e à serviço dos trabalhadores! Força na luta, companheiros!"

Declaração do DCE - Unicamp

Infelizmente, a repressão a quem se organiza é parte de um modelo de universidade elitista, excludente e antidemocrático - conduzido com mão de ferro pelo Reitor Fernando Costa. Quem luta pela garantia de direitos básicos, em defesa da educação pública, gratuita e de qualidade e por melhores condições de trabalho e salário não pode ser criminalizado por isso!

É papel dos trabalhadores, dos estudantes e dos professores questionar esse projeto e não se deixar render frente a esse duro contexto! A luta por educação e por trabalho é tarefa de todas e todos, essencial para a construção de uma sociedade justa e igualitária.
Repudiamos a ação judicial movida pela Reitoria contra funcionários que exerceram seu direito legítimo e legal de greve, assim como a entrada da Polícia Militar no campus e na Moradia Estudantil para reprimir as movimentações estudantis.
Lutar não é crime!

DCE Unicamp

Declaração do STU

Reitoria da Unicamp usa Polícia para discutir questões da mobilização dos trabalhadores

A Unicamp resolveu transformar a mobilização dos trabalhadores em briga de polícia. Nove trabalhadores, inclusive os que participaram da Comissão de Negociação, foram citados judicialmente por atos acontecidos durante a Campanha Salarial de 2010.
O departamento jurídico do STU foi acionado para preservar os trabalhadores e garantir a não criminalização do movimento.

O Sindicato repudia esse tipo de ação por parte da reitoria. Dessa forma a reitoria tenta impor uma intimidação justamente no período em que estamos chegando na nossa data-base e a discussão da nossa Campanha Salarial, isso vem para desmobilizar a categoria e mudar o foco da Campanha, não podemos aceitar que nenhum trabalhador seja criminalizado pela sua participação em movimentos sejam eles para Campanha Salarial ou qualquer outro movimento que venha a ser por melhores condições de trabalho e por salários justos a toda categoria da universidade, vamos cobrar da reitoria da Unicamp o fim dos processos.

Sindicato dos Trabalhadores da Unicamp (STU)

terça-feira, 22 de março de 2011

Manifesto contra as punições e a repressão na Unicamp

Nos últimos anos, vem se aprofundando o processo de mercantilização, privatização e sucateamento das universidades estaduais paulistas. Parcerias públicos-privadas, pesquisas que atendem cada vez mais os interesses do mercado, e um cerceamento político cada vez maior contra aqueles que buscam construir um conhecimento e uma educação críticos. Assim que, em conformidade com o projeto de universidade do CRUESP e do governo do Estado, temos visto o incremento e aprofundamento de políticas de repressão nas universidades, que se manifestam nas estaduais paulistas em diversos tipos de perseguições repressivas e ataques à organização, ações políticas e métodos do movimento de trabalhadores e estudantes e a todos aqueles que questionam esse projeto de universidade colocado.

Como aprofundamento desse cenário, vimos ataques na UNICAMP por parte do reitor Fernando Costa em medidas como o desconto de salários e o registro de faltas dos trabalhadores que participaram da greve. Entretanto, a repressão parece atingir um nível insustentável em dois novos casos concretos.

Em primeiro lugar, nove trabalhadores estão sendo perseguidos judicialmente, chegando a serem intimados a depor na polícia, numa clara manobra política para criminalizar o movimento e um duro ataque aos trabalhadores da UNICAMP, que são reprimidos por fazerem greve e utilizarem-se dos métodos históricos do movimento de trabalhadores.

E justamente no momento em que corre esse processo, a polícia militar tem entrado na moradia estudantil da UNICAMP (pela primeira vez) para reprimir o movimento estudantil que através de ocupações vinha lutando por pautas essenciais e democráticas, como permanência estudantil e o questionamento da democracia na moradia e na universidade.

Está claro que as motivações que possibilitam a entrada da polícia militar para reprimir o movimento estudantil e a perseguição política injustificável aos trabalhadores, com medidas judiciais, são parte de uma política clara da reitoria de acabar com qualquer contestação ao seu projeto privatista de universidade, que só tem trazido ataques a trabalhadores e estudantes.

Nesse sentido, o presente manifesto tem por objetivo uma ampla união de forças para que nos possibilite uma resposta a essa política repressiva. Portanto, exigimos a imediata retirada de todos os processos administrativos e jurídicos contra os trabalhadores, pois trata-se de uma questão democrática elementar de organização sindical e política que não pode ser destruída pela intransigência anti-democrática da reitoria. Exigimos também a imediata retirada da polícia militar do campus, não aceitando nenhuma possível nova intervenção e nenhuma intermediação nas questões da universidade. A defesa dos trabalhadores da UNICAMP e contra a repressão policial nesse momento é um passo fundamental para que não se aprofunde a criminalização dos movimentos sociais.

Assinam esse manifesto:
Comitê contra a repressão da UNICAMP

Abaixo-assinado

Segue o link para download do abaixo-assinado pela retirada dos processos.


Além dele, segue o link do abaixo-assinado on-line. Assine e divulgue!
Petição Pública On-line

Sobre os Processos

A Unicamp está processando trabalhadores que participaram da greve!
Durante a greve do ano passado a reitoria da Unicamp, que ocupava a presidência do CRUESP, mostrou mais uma vez sua intransigência. Além de não negociar as pautas durante as reuniões da data-base ainda mostrou a enorme falta de respeito que tem pelos trabalhadores das universidades: atacou a isonomia entre docentes e servidores através do reajuste salarial diferenciado.
Mas a sua truculência não terminou aí. Ainda durante a greve o reitor Fernando Costa tratou o movimento como caso de polícia – chegou ao absurdo de chamar a PM para intimidar e impedir reuniões de unidade, como aconteceu na DGA! E depois, mesmo com o acordo do fim de greve, tentou punir os lutadores com faltas e descontos – um claro ataque ao direito constitucional de greve!
A tentativa de criminalizar e intimidar os trabalhadores, estudantes e docentes através de medidas autoritárias não começou aqui na Unicamp. A reitoria da USP já tem um longo histórico nessas práticas: em 2009, a USP foi invadida pela PM e transformada em uma praça de guerra. Além disso, lá existem dezenas de processos contra trabalhadores e estudantes – que chegaram ao absurdo da demissão do Brandão, diretor do Sintusp.
O pior é que agora a reitoria da Unicamp está tentando imitar as medidas autoritárias dos seus colegas da USP. Em um claro descumprimento do acordo do fim de greve, ela está processando 9 trabalhadores por danos morais e materiais em virtude da greve de 2010. Mas ela não pára por aí, esses trabalhadores também estão sendo chamados para depor na delegacia, pois a reitoria abriu um Boletim de Ocorrência tentando responsabilizá-los por danos ao patrimônio público e paralisação do trabalho, seguida de violência ou de perturbação da ordem!
Esse é um ataque sério ao nosso direito de greve e organização. A reitoria iniciou uma perseguição política cujo objetivo é muito claro: ela quer intimidar todos aqueles que lutam por seus direitos e na defesa da Universidade. Para isso, escolheu algumas pessoas de forma aleatória para executar punições exemplares.
Esse é um ataque contra todos trabalhadores, estudantes e docentes que se organizam e lutam contra o projeto que a reitoria quer implementar: o projeto de precarização do ensino e do trabalho, o projeto de uma universidade elitista e voltada aos interesses das classes dominantes, o projeto da terceirização, o projeto da autarquização e privatização do HC...
É preciso dar um basta e exigir que a reitoria retire todos os processos!