terça-feira, 22 de março de 2011

Manifesto contra as punições e a repressão na Unicamp

Nos últimos anos, vem se aprofundando o processo de mercantilização, privatização e sucateamento das universidades estaduais paulistas. Parcerias públicos-privadas, pesquisas que atendem cada vez mais os interesses do mercado, e um cerceamento político cada vez maior contra aqueles que buscam construir um conhecimento e uma educação críticos. Assim que, em conformidade com o projeto de universidade do CRUESP e do governo do Estado, temos visto o incremento e aprofundamento de políticas de repressão nas universidades, que se manifestam nas estaduais paulistas em diversos tipos de perseguições repressivas e ataques à organização, ações políticas e métodos do movimento de trabalhadores e estudantes e a todos aqueles que questionam esse projeto de universidade colocado.

Como aprofundamento desse cenário, vimos ataques na UNICAMP por parte do reitor Fernando Costa em medidas como o desconto de salários e o registro de faltas dos trabalhadores que participaram da greve. Entretanto, a repressão parece atingir um nível insustentável em dois novos casos concretos.

Em primeiro lugar, nove trabalhadores estão sendo perseguidos judicialmente, chegando a serem intimados a depor na polícia, numa clara manobra política para criminalizar o movimento e um duro ataque aos trabalhadores da UNICAMP, que são reprimidos por fazerem greve e utilizarem-se dos métodos históricos do movimento de trabalhadores.

E justamente no momento em que corre esse processo, a polícia militar tem entrado na moradia estudantil da UNICAMP (pela primeira vez) para reprimir o movimento estudantil que através de ocupações vinha lutando por pautas essenciais e democráticas, como permanência estudantil e o questionamento da democracia na moradia e na universidade.

Está claro que as motivações que possibilitam a entrada da polícia militar para reprimir o movimento estudantil e a perseguição política injustificável aos trabalhadores, com medidas judiciais, são parte de uma política clara da reitoria de acabar com qualquer contestação ao seu projeto privatista de universidade, que só tem trazido ataques a trabalhadores e estudantes.

Nesse sentido, o presente manifesto tem por objetivo uma ampla união de forças para que nos possibilite uma resposta a essa política repressiva. Portanto, exigimos a imediata retirada de todos os processos administrativos e jurídicos contra os trabalhadores, pois trata-se de uma questão democrática elementar de organização sindical e política que não pode ser destruída pela intransigência anti-democrática da reitoria. Exigimos também a imediata retirada da polícia militar do campus, não aceitando nenhuma possível nova intervenção e nenhuma intermediação nas questões da universidade. A defesa dos trabalhadores da UNICAMP e contra a repressão policial nesse momento é um passo fundamental para que não se aprofunde a criminalização dos movimentos sociais.

Assinam esse manifesto:
Comitê contra a repressão da UNICAMP

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